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sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Sabedoria nem sempre chega junto com a idade

Havíamos conversado por telefone e aquela pessoa, muito simpática que educadamente tomou algumas informações horas antes, estava agora diante de mim falando coisas que eu sei, mas que provavelmente não deixaria uma pessoa querida dizer sem no mínimo retrucar com alguma deselegância, mas como era um cliente, ouvi com bastante bom humor e até com alguma condescendência, também em respeito aos seus muitos cabelos brancos.

A cena foi no mínimo patética, mas demostra como as pessoas com idade mais avançada tem o dom de falar coisas sem noção e sem a menor preocupação com o estado de espírito do seu interlocutor.

Havíamos finalmente fechado negócio e repentinamente ele me olhou de cima a baixo, talvez procurando calcular minha idade (ou peso), não sei se chegou a fazer algum juízo a respeito, mas logo após breve apurada, disse sem dó nem piedade:

- Você é bonita, mas tá muito gorda, precisa fazer um regime!

Antes que eu pudesse fazer qualquer comentário, ele continuou:

-Emagrecer é muito fácil!! Voce tem que fechar a boca, ele dizia como que passando um ziper na mesma, e tomar um copo de água com algumas gotas de limão antes das refeições, ainda gesticulando...

Sempre achei que é muito fácil para as pessoas que não tem problema com o peso, aparecerem com soluções milagrosas para quem sempre brigou com a balança e saiu perdendo. Ainda assim, olho com piedade para elas, pois certamente não perderiam seu tempo dando receitas de sucesso para uma pessoa pela qual não tivesse algum tipo de carinho ou no mínimo afinidade.

Então sempre que ouço esses conselhos com simpatia, pois presumo que estou falando com alguém que de alguma forma gosta de mim.

Mais uma olhada, e finalmente resolveu perguntar:

-Que idade você tem?

-38, respondi um pouco constrangida.

Mas isso não o impediu de continuar o massacre...

-38? Mas porque tão acabada assim? Você é casada?

-Não, separada!

Então ele teve a constatação:

-Ah então é isso... Separação acaba muito com a mulher mesmo!

Cinco minutos depois eu estava contando e rindo do episódio com os companheiros de trabalho.

Embora deselegante e dizendo coisas que pessoas mais próximas talvez tenham vontade de dizer mas não dizem, fiquei pensando sobre as vantagens da idade, e contrariando o senso comum, nem sempre a sabedoria vem junto, com certeza os anos acumulados não trouxeram essa pérola para a existencia do camarada em questão, que claramente da grande importância ao aspecto físico das pessoas, mas que em nenhum momento as enxerga como seres humanos.
Defeitos são fáceis de apontar, talvez até proporcionem algum mórbido prazer, mas o que sempre me pergunto é porque as pessoas não melhoram sua própria existencia, enaltecendo e enfocando o que há de melhor ao redor?

terça-feira, 19 de agosto de 2008

O beliscão que toca o coração

Ontem antes de dormir, me peguei focando as mãozinhas da Ágata apalpando meus braços até chegar na axila como faz desde que era ainda um bebê. Fiquei pensando que em pouco tempo ela não terá mais esse hábito, mas que inconscientemente em algumas ocasiões ela terá esse insight, momentos fortuitos possivelmente, mas que serão sempre um elo de ligação a sua mais remota infância.
Enquanto pensava sobre a importância que esse toque tem para ela, ficava imaginando o impacto que terá a ausência dele para mim, tenho observado crianças em idade mais avançada, entrando na adolescência, perdendo os vínculos maternos e tenho sentido medo, pois ainda não havia vislumbrado essa realidade.
Lógico que nenhuma mãe está preparada para essa ruptura, mas para mães que como eu, reencontraram seu equilíbrio e sua alegria depois da chegada de um filho, a separação ou a simples exclusão pode ser devastadora, então tomei a decisão de ser amiga e não intrusa na vida de minha filha, quero que ela saiba que pode confiar em mim e que nenhum problema pode ser maior do que nós duas juntas.
Sei que não posso invadir nem decidir sua vida, mas sei que posso continuar sendo uma pessoa que ela possa ouvir, mesmo que eu não esteja presente.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Primeiras considerações

Começo pelo motivo que me levou a escrevê-lo... Minha memória curta.

Não que isso me incomode, já que do mesmo modo que esqueço datas importantes, números de telefones e horários de programas, também apago as piores recordações, aquelas que ninguém quer lembrar mesmo e embora seja compensador por um lado, por outro, acabo literalmente perdendo os melhores momentos por falta de registro.

Então está dada a largada... por um futuro repleto de boas e não tão boas assim...

Recordações.

Dedico esse blog a minha filha Ágatha.